sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Para Carlos e Alessandro


Ao fugir da cidade cenográfica que meu pai construiu pra me proteger das coisas do mundo (piadinha infame do velho Cláudio Escória) e chegar a Salvador, tive a sorte de encontrar alguns seres de sensibilidade especial que me mostraram o caminho das pedras mais preciosas. Aquelas de brilho intenso e raro, as quais, talvez, eu jamais teria acesso se não tivesse rompido, à la “The Truman Show”, o campo de força santoantoniense. A primeira delas foi logo a banda escocesa Cocteau Twins.

Os entendidos costumam definir esse trio - formado por Elizabeth Fraser (vocais), Robin Guthrie (guitarra) e Simon Raymonde (baixo) - este último, precedido por Will Heggie - como uma banda criada no pós-punk, de influências góticas, dream pop e darkwave, que marcou os anos 80 com o seu som melancólico, ao lado dos Dead Can Dance e This Mortal Coil, e que é a precursora do estilo ethereal.

Pra mim, soa mais como algo atmosférico, onipresente, enigmático. Guitarras minimalistas, baixo climático e vocal incomparável, de timbre delicado e alcance absurdo, entoando frases simplesmente incompreensíveis. Algo de origem celta? A ausência das letras nos encartes dos discos é emblemática: para o grupo, a sonoridade das palavras parece importar muito mais do que seu significado.

Quinze anos se passaram e o Cocteau Twins continua no meu top ten dos grandes guardiões das portas da percepção. Para a cena independente britânica, a banda também tem uma importância imensa, estando entre os maiores nomes (ao lado de New Order e The Smiths) no que diz respeito a vendagens e lançamentos. São 11 discos originais e10 EP´s gravados entre 82 e 96.

O álbum Treasure, lançado em 84, é considerado a grande obra-prima do grupo, mas tenho uma paixão pra lá de especial pelos dois últimos: Four-Calendar Café e Milk & Kisses, além do EP Twinligths, de 95, que foi trilha sonora de muitos finais de tarde - assistindo ao pôr-do-sol, sozinha, da janela do meu antigo esconderijo no “cortiço” São Brás e agradecendo Àquele que escreve certo por linhas tortas por ter, finalmente, achado o meu lugar.


PS. Fiz uma seleção das músicas que eu MAIS gosto do Cocteau. São nove faixas ao todo. Quem quiser baixar, é só clicar aqui.

5 comentários:

Rounds disse...

passei bons momentos de minha vida ouvindo dead can dance...
bj

pin hole disse...

Sil, foi Chico quem me apresentou ao Cocteau Twins. Ele sempre colocava na hora de tomar banho. É maravilhoso, mas, é, com certeza, uma das coisas mais melancólicas que já ouvi.
Vamos encontrar nossos colegas e nos diverti com uma banda mais alegre, "A sua Mâe", do ex-facom, Wagner Moura, ou para os íntimos Olavinho de Paraíso Tropical.
bjs

Silvana Malta disse...

Vamos sim! meu medo é só da de cara com uma fila de tiete dobrando o quarteirão, rsrsrs. Mas eu vou, eu vou!

Silvana Malta disse...

"DAR" de cara. Foi mal :)))))

Fernandamonteiroc disse...

baixando... preciso conhecer mais o CT