quarta-feira, 18 de junho de 2008

Lançada campanha pela volta dos Mizeravão


Se hoje fosse dia de show dos Mizeravão, com certeza, eu estaria mais feliz. Essa “quadrilha de meliantes etílicos”, como eles mesmos se definem, tem o poder de desfazer minha cara sisuda e desconfiada, mesmo que eu queira mantê-la a qualquer custo! Quantas vezes fui assisti-los determinada a não pagar mico, mas quando me dava conta, já estava lá no gargarejo, que nem criança, me acabando de rir e de pular, sempre ao som de versões rock´n´roll de clássicos da minha infância como “Uni duni tê” (Trem da Alegria) e “A guerra dos meninos” (Roberto Carlos).

O segredo pra entrar na viagem é encarar as apresentações não como shows de rock, mas como shows de comédia rock´n´roll - não só por conta do repertório inusitado e das versões hilárias que os caras fazem, mas, principalmente, pelo humor irreverente e escrachado do vocalista, Lionman. Dono de um carisma sensacional e, por que não dizer, de um grande talento como ator, Lion domina a platéia sem fazer esforço algum, disfarçando a rabugice que lhe é peculiar e interpretando o divertidíssimo personagem de forma irretocável.

O resultado é uma festa e tanto, com meninas deixando a pose de lado e formando trenzinhos pelo salão; e marmanjos cabeludos e com cara de mau trocando afagos e se abraçando emocionados. Todos parecem voltar ao tempo em que eram guris nos anos 80 e ouviam aquelas músicas no radinho FM de casa ou do carro da família. O grande mérito dos Mizeravão pra mim está justamente nessa possibilidade que oferece ao público de curtir aquelas canções, tão marcantes num passado distante, com os amigos de hoje, numa confraternização que chega a ser comovente de tão sincera, vibrante e espontânea.

No repertório, pra mais de duas horas de show, o Rei tem espaço garantido, com direito ainda a “O Portão”, “Amigo” (Você/ meu amigo de fé/ meu irmão camarada...) e “Não serve pra mim”. Uma seqüência matadoura de Sidney Magal, que inclui “Tenho”, “Sandra Rosa Madalena” e “Meu sangue ferve por você”, também leva a galera à loucura. Rolam ainda Ultrage a Rigor (“Inútil”), Fábio Júnior (“Quando gira o mundo”), Queen (“I want to break free”), Balão Mágico (“Super-fantástico”), além de covers do Kiss, Lynird Skynird e AC/DC. Destaque para a versão da disco “Born to be alive” (não me lembro agora quem canta a original), em que Lion arregala os olhos e faz o maior terror, intercalando reboladinhas desengonçadas e movimentos de ginástica aeróbica.

Como fazem desde que a banda começou há cerca de 10 anos, os caras resolveram tirar férias uns dos outros. Desta vez, o recesso foi decretado no final do ano passado, logo após o lançamento de um “DVD Pirata Eletro Acústico”, gravado na Boomerangue. A banda é composta por Wally Beerman (ex-Anschluss, Veuliah e Malefactor) na guitarra; Marcinho (ex-Veuliah e Cirrus) no baixo; Jedernight (ex-Thor, Los Merengues e Lobo Guará) na batera; e Lionman (ex-The Harrys, Shadows, Los Merengues e Drearylands e atual Mortícia) nos vocais. Bom, e já que eu dei o braço a torcer e admiti aqui minha dependência química dos Mizeravão, lanço uma campanha para acelerar o retorno dos caras. Quem me apóia?