sexta-feira, 10 de julho de 2015

Rabino Súcia, a terceira pergunta e o processo de ampliação da consciência

O rabino Súcia passou a vida inteira ensinando sobre o viver e o morrer. O tempo foi passando, ele ficou muito doente e, desde então, passou a apresentar um comportamento estranhamente introspectivo. Seus discípulos, preocupados, tomaram coragem e resolveram questioná-lo:
- Rabino Súcia, o senhor está com medo da morte?
E ele respondeu:
- Da morte propriamente, não. Mas tenho medo da terceira pergunta.
- Da terceira pergunta? O que isso significa?
- É que, quando se morre, vem uma luz. E, dessa luz, uma voz, que é a voz de Deus. E ela vai me perguntar: “Rabino Súcia, por que você não foi tão sábio quanto Salomão?”. Será a primeira pergunta e essa eu saberei responder: porque eu não sou Salomão.
- A segunda pergunta será: “Rabino Súcia, por que você não foi um grande conquistador como Alexandre, o Grande?”. A essa pergunta, eu também saberei responder: porque eu não sou Alexandre, o grande.
- E então virá a terceira pergunta: “Rabino Súcia, por que você não foi Súcia?”
Essa história foi contada dia desses pelo professor de Filosofia da Ufba, José Antonio Saja, durante uma defesa de dissertação sobre `o processo de ampliação da consciência´ (de autoria da terapeuta Flávia Nunes, no Mestrado Profissional Multidisciplinar em Desenvolvimento Humano da Fundação Visconde de Cairu) na qual ele fez parte da banca examinadora. “Ou seja, por que Saja não é simplesmente Saja? Eu não preciso ser como Salomão ou `Alexandre, o Grande´, mas é meu dever essa ampliação da consciência do EU SOU. Sem isso, não podemos enfrentar o desafio de transformar o mundo”, enfatizou.
Para ele, a dissertação apresentada contribui para esse um novo tempo, um novo paradigma na produção do conhecimento. “Percebo que esta tese é proveniente de uma vida, tem o coração e as digitais de quem a escreveu. E, principalmente, tem a pegada do risco, ao propor uma quebra das fronteiras, a integralidade. A ciência acumulou conquistas brilhantes ao longo dos séculos, mas de forma separada, compartimentalizada, o que criou um saci pererê. Está faltando a outra perna. Então vamos colocá-la! Esse é o movimento que fará com que a humanidade, finalmente, se reconheça”, completou.
Segundo a orientadora da dissertação e coordenadora do mestrado, Maribel Barreto, a fala de Saja mostra que, apesar dos estudos sobre consciência não serem algo recente, estamos vivendo uma nova fase, pois nunca se teve tanta abertura para tratar de consciência no meio acadêmico. “Temos que aproveitar essa onda. Não temos como evitá-la. Ela já está aí e nos envolve em suas diversas camadas. Temos que surfar em sua crista. Mas, para isso, também temos que lidar com a sua profundidade, no qual corrermos riscos - porque mergulhar não é simples, pressupõe também a possibilidade de nos machucarmos nos corais submersos. É superioridade e inferioridade, nosso máximo e nosso mínimo, nossas fraquezas e nossas potencialidades. Estamos numa fase em que podemos enxergar tudo que ainda é limite, mas, ao mesmo tempo, com toda a nossa força”.

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