sábado, 9 de fevereiro de 2008

Limite Branco

Começo com um trecho do primeiro romance de Caio Fernando Abreu, um dos meus escritores brasileiros favoritos, escrito em 1967, quando ele tinha 18 anos. É denso e ingênuo ao mesmo tempo. Como a porção adolescente que ainda habita em mim : )))

"Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente, salta para fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim".

2 comentários:

Fernandamonteiroc disse...

ô coisa boa saber que agora tenho esse espaço aqui pra frequentar... e já começa com Caio Fernand Abreu... e preciso conhecer mais dele também! bem-vinda querida!já está sendo um grande prazer te ler.

Unknown disse...

Oi Vana! Minha prima que tanto admiro! Pessoa maravilhosa e especial. Muito bom marcar a minha presença em mais este espaço virtual da sua vida! Que este mundo irreal e abstrato nos sirva de ponte de aproximação. Como sempre, escrevendo muito bem até nos deixa com um tom poético. Você nos inspira!rsrs
Me identifiquei muito com este trecho do seu blog.
Te adoro e te desejo muito sucesso e concretização de sonhos!
Beijos